Francisco de Holanda (1517/18-1584)


Arte e teoria no renascimento europeu

Presidente do Congresso
Sylvie Deswarte-Rosa, CNRS, IHRIM, ENS LYON
Vogais
Fernando António Baptista Pereira, CIEBA/FBAUL
Vitor Serrão, ARTIS/ FLUL

Organização
FCG - Fundação Calouste Gulbenkian / Comissariado do Ano Europeu do Património
BNP – Biblioteca Nacional de Portugal
ARTIS – Instituto de História da Arte da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
CIEBA – Centro de Investigação e Estudos em Belas-Artes da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa

Francisco de Holanda, senhor do uma visão mundial, figura de proa do Renascimento portugues na sua especifidade

Francisco de Holanda (Lisboa ca. 1518-1584), iluminador de formação, é mais do que isso. Fortalecido por uma boa formação humanista na corte do rei de Portugal D. João III, ele arrisca-se no mundo das ideias, o que é raro e fora do vulgar entre os chamados “mecânicos” das artes visuais. Foi assim um grande criador, repensando tudo, cada tema a tratar, voltando às fontes primeiras.
Desde a sua redescoberta à metade do século XIX, suscitou polémicas que não acabaram. Despertou interesse, em primeiro lugar, pelas suas relações com Miguel Ângelo durante a sua viagem à Itália (1538-1540) de que são testemunho os Dialogos de Roma e os desenhos das Antigualhas. Hoje em dia, porém, ganhou uma estatura própria e independência, à vanguarda, com suas imagens extraordinárias da Criação do Mundo e o seu tratado Da Pintura Antigua (1548), não publicado em vida, imagens e textos estranhamente precursores de outros criadores muito mais tardios. Nele Holanda introduz pela primeira vez a teoria neoplatónica da Idea num tratado artistíco (Da Pintura Antigua, I, cap. 15 “ Da IDEA, que cousa é na Pintura ”), cinquenta anos antes os teóricos italianos. Nele confere uma perspectiva mundial à sua analise, encontrando a própria arte divina da Pintura Antigua, verdadeira Prisca Pictura, no mundo inteiro (Da Pintura Antigua, I, cap. 13 “ Como os preceitos da Pintura Antigoa forão por o mundo”)
Acquiriu, desde moço, uma visão global mundial, observando o seu pai António de Holanda à iluminar planisférios e cartas náuticas de Lopo Homem.
Francisco de Holanda é assim um dos principais representantes do Renascimento português na sua especificidade, emergente na idade dos Descobrimento, ao lado do poeta Luís de Camões, do navegador D. João de Castro, do matemático e cosmógrafo Pedro Nunes, do naturalista Garcia da Orta e do históriador D. João de Barros. É tempo de lhe dar o lugar que é indiscutivelmente seu.

Francisco de Holanda (1517/18-1584) : Formé à l’enluminure dans l’atelier de son père António de Holanda, et fort d’un enseignement humaniste à la cour du roi du Portugal D. João III, Francisco de Holanda s’aventure dans le monde des idées, ce qui est rare et inhabituel, à cette époque, de la part d’un artiste des arts visuels encore classé parmi « les arts mécaniques ». Il fut un grand créateur, reformulant les thèmes iconographiques établis en des images savantes et singulières, retournant aux sources premières.

Dès sa redécouverte au milieu du XIXe siècle, il a provoqué des controverses. Il a tout d’abord attiré l’attention pour ses relations avec Michel-Ange lors de son voyage en Italie (1538-1540) dont témoignent Les Dialogues de Rome et plusieurs dessins du Livre des Antigualhas. De nos jours, cependant, il a acquis une stature propre et une indépendance vis-à-vis de Michel-Ange avec son traité Da Pintura Antigua (1548), non publié de son vivant, et ses extraordinaires images de la Création du monde. Images et textes apparaissent comme étrangement précurseurs d’autres créateurs à venir.

Cinquante ans avant les théoriciens de l’art italiens Holanda est le premier à introduire la théorie néoplatonicienne de l’Idea dans un traité artistique (Da Pintura Antigua, I, chapitre 15, « De l’Idea et de ce qu’elle est dans la peinture »). Dans ce traité, il donne aussi une perspective mondiale à son analyse, découvrant le divin art de la peinture antique, véritable Prisca Pictura, partout dans le monde (Da Pintura Antigua, I, chapitre 13, « Comment les préceptes de la peinture antique se répandirent dans le monde entier »)

Il a acquis cette vision mondiale dès son plus jeune âge, observant son père António de Holanda enluminer les planisphères et les cartes marines du cartographe Lopo Homen.

Francisco de Holanda est ainsi l’un des principaux représentants de la Renaissance portugaise dans sa spécificité à l’ère des Découvertes, aux côtés du poète Luís de Camões, du navigateur D. João de Castro, du mathématicien et cosmographe Pedro Nunes, du naturaliste Garcia da Orta et de l’historien D. João de Barros. Il est temps de lui donner la place qui lui revient dans la Renaissance portugaise dans sa vision mondiale.